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Antes de decidir se teria ou não outro filho, pensei muito sobre a relação que esperamos de irmãos. “Ah, é uma companhia, alguém para dividir o resto da vida”, é o que dizem.

Será mesmo? Não estamos colocando muito peso numa relação que ainda nem começou?

Minha avó foi filha única e defendia que todos deviam ter irmãos. Ela teve quatro filhos e eles, de fato, são apoio e suporte uns dos outros, apesar de todos os problemas da vida.

Não foi assim comigo. Reza a lenda que minha irmã tentou me jogar do 7º andar quando eu ainda era um bebê. Depois disso foi só ladeira abaixo.

Eu posso ter sido um ponto fora da curva, ok, mas por que colocamos tanta expectativa na relação de irmãos quando temos um segundo filho?

“Você vai cuidar da sua irmã, né?”
“Ah, você vai brincar muito com ela, né?”
“Vai ensinar sua irmã?”

Choveram frases do tipo para o Gustavo quando eu estava grávida e, nossa, como elas me incomodavam. Eu não queria criar expectativas e não queria que ele as criasse também.

Gustavo nunca ouviu de mim que precisaria cuidar ou brincar com a irmã. Sabe que vai demorar para que tenham esses momentos e que ele vai fazer o que quiser quando eles chegarem. Ele também sabe que o amor não é uma obrigação imposta pelo laço de sangue. É uma construção.

Mas Deus sabe o que faz. Para me mostrar que nenhuma história ruim precisa, necessariamente, se repetir, me deu esse menino incrível que tem adorado vários momento com a irmã. E sem cobranças, tudo fica mais gostoso.

Poderia usar uma foto posada, linda, para ilustrar a construção desse amor de irmãos. Mas a verdade é que ele é construído assim mesmo: com pijamas e minutos de preguiça numa quinta-feira qualquer.